No continente europeu surgiram diversas ideias científico-filosóficas e materialistas, como o Positivismo, que influenciaram movimentos como o Realismo [5], Naturalismo e Parnasianismo [6].
No entanto, tais ideias não eram aceitas por todas as camadas sociais e, a partir dessa oposição, surgiu o Simbolismo. Na França, esta estética diferenciada foi disseminada com a ajuda de diversas revistas, como, por exemplo, “Le Simbolisme” (1886), “La Plume” (1889) e “La Revue Blanche” (1891).
No Brasil, este movimento surgiu no final do século XIX, em um ambiente de mudanças econômicas e guerras civis, entre os anos de 1893 e 1895.
É importante ressaltar que o Simbolismo não é considerado uma escola literária, uma vez que na época havia três tipos de manifestações literárias: o Realismo, o Pré-Modernismo e o Simbolismo.
O cenário literário nacional era dominado pelo Parnasianismo. Portanto, a estética simbolista encontrou resistências, mas pôde criar obras inovadoras.
Inicialmente, o Simbolismo foi uma reação literária contrária ao Naturalismo [7] e Realismo, e estendeu as suas características ao teatro e artes plásticas.
Aprofundando os ideais românticos, os simbolistas também buscaram compreender os limites extremos da razão e do inconsciente, e apresentavam uma visão individualista e pessoal. Por essas razões, eram pejorativamente apelidados de “decadentistas”.
Foi no ano de 1886 que um manifesto deu o nome definitivo da corrente: Simbolismo. Dentre as características do movimento denominado Simbolismo estão o seu caráter transcendental, direcionado à imaginação e fantasia.
Havia ainda a estética marcada pela musicalidade, a produção de obras de arte baseadas na intuição e emprego de recursos literários como aliteração, sinestesia e assonância. Além disso, era comum a ênfase em temáticas místicas, imaginárias e subjetivas, desprezando a razão e a lógica.
O Simbolismo apresentou inovações formais, como a prática do verso livre e o uso de uma linguagem ornada, musical e poética, a fim de criar impressões sensíveis.
Com relação à forma, os simbolistas fizeram uso dos sonetos [8], mas não com a predileção manifestada pelos parnasianos.
Na França, o Simbolismo floresce nas décadas de 1880 e 1890, através das mais variadas expressões artísticas. Na poesia simbolista destacam-se as obras de Gérard de Nerval e Stéphane Mallarmé, que sondam os mistérios do mundo e o universo inconsciente.
Charles-Pierre Baudelaire é considerado um dos precursores do simbolismo, com sua obra intitulada “As Flores do Mal”.
Além dos franceses, escritores portugueses como Antonio Nobre e Camilo Pessanha [9] influenciaram grupos de poetas brasileiros, como aquele que se formou no Rio, liderado por Cruz e Sousa.
O marco inaugural do Simbolismo no Brasil deu-se com a publicação de duas obras de Cruz e Sousa, no ano de 1893: “Missal”, livro de poemas em prosa, e “Broquéis”, poemas em versos.
Além de Cruz e Sousa, nomes como Alphonsus de Guimaraens e Augusto dos Anjos são lembrados como os principais escritores do Simbolismo [10] no Brasil.
Nascido em Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, João da Cruz e Sousa é considerado o maior poeta simbolista brasileiro. Seus poemas são marcados pelo uso constante de aliterações, individualismo e uma certa “obsessão” pela cor branca em seus versos.
Suas principais obras são “Broquéis” e “Missal”, ambas publicadas em 1893, marcando o início do Simbolismo no Brasil.
Nascido em Ouro Preto, interior de Minas Gerais, Alphonsus de Guimaraens consagrou-se como um dos principais autores simbolistas do Brasil.
Sua poesia é marcadamente mística e envolvida com religiosidade católica, abordando o sentido da morte, do amor impossível e da solidão. Chamado de “o solitário de Mariana”, o escritor também traduziu poetas como Stephane Mallarmé.
Identificado muitas vezes como simbolista, Augusto dos Anjos também pode ser considerado pré-modernista. A obra do poeta paraibano é única, e a crítica encontra dificuldades para classificá-la.
De acordo com Alfredo Bosi, o poeta nascido em Sapé, na Paraíba, é o mais original entre Cruz e Sousa e os modernistas.
Poeta de um livro só, intitulado “Eu”, Augusto dos Anjos [11] destaca-se pelo caráter original, paradoxal e até mesmo chocante da sua linguagem, repleta de pessimismo e vocábulos científicos.
Confira a seguir um dos poemas mais famosos de Augusto dos Anjos:
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de sua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
> SIMBOLISMO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo12154/simbolismo. Acesso em 09 de maio. 2018. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7
> SIMBOLISMO. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3841/simbolismo>. Acesso em 09 de maio. 2018. Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7.