Com isso, as pessoas que antes viviam no campo, migram para as cidades para suprir essa carência de mão-de-obra. O chamado “êxodo rural” é justamente esse processo de transferência de pessoas do campo para as cidades.
A urbanização é um processo de transformação dos espaços naturais ou rurais em espaços urbanos, ou seja, a mudança de um modelo de vida e organização do espaço.
Onde antes havia um ambiente marcado pela ruralidade e suas dinâmicas, com a urbanização é implantada uma infraestrutura clássica das cidades, o que se reflete também nas atividades desenvolvidas.
Atualmente, mais da metade da população mundial vive em zonas urbanas, e a tendência é que esse número continue aumentando.
A zona urbana tem uma organização e dinâmica próprias. São algumas das principais características do espaço urbano:
Existem vários outros elementos que caracterizam as cidades, os quais dependem da localização destas cidades, suas relações com o campo, história da ocupação etc.
Há vários tipos de cidades e todas elas possuem elementos que as diferem das demais.
As cidades têm muitos benefícios para as pessoas que desejam viver nelas. Mas também há vários problemas que são mais evidentes nos espaços urbanos, como:
Nem sempre as cidades estão aptas para receber um grande contingente populacional, podendo faltar infraestrutura básica para receber estas pessoas.
O inchaço populacional urbano faz com que faltem moradias, encarecendo as já existentes, aumenta o fluxo de veículos, gera desempregos e subempregos.
Quando há uma grande quantidade de pessoas que migram para a cidade, é natural que os imóveis em locais mais centrais se tornem mais caros.
Com isso, as pessoas mais pobres acabam ocupando áreas mais periféricas das cidades. Nestas áreas pode faltar o básico, como transportes, rede de saneamento ou coleta de lixo.
Nas cidades estão presentes todos os tipos de poluição, desde o lixo em si, até a poluição do ar, poluição sonora [11] (carros de som, anúncios), visual (banners, propagandas), e também a poluição das águas.
Nas cidades, por vezes, há um elevado nível de consumo, o que gera mais descarte. O problema é ainda mais grave em áreas mais periféricas, onde em muitos casos não há coleta adequada dos resíduos.
Devido ao grande número de pessoas concentradas em um mesmo espaço, há um aumento da violência. Crises econômicas e desemprego são fatores que impulsionam ainda mais os crimes nas cidades.
Quanto maiores os espaços urbanos, mais elevados os índices de violência. As cidades pequenas, por terem uma dinâmica diferente das metrópoles, são comumente menos violentas.
A violência urbana faz com que muitas pessoas optem por viver em condomínios fechados, o que inibe a sociabilidade. Muitas pessoas vítimas da violência urbana sofrem danos psicológicos como ansiedade e síndrome do pânico.
Nem sempre a prestação de serviços no espaço urbano é adequada. Ocorrem muitos casos onde não há oferta de saneamento básico adequado, nem coleta de lixo ou rede de transportes.
Uma das principais queixas nos espaços urbanos é a precariedade dos atendimentos na área da saúde e educação.
A grande concentração de pessoas nas cidades pode aumentar os índices de desemprego. Isso ocorre porque a quantidade de vagas de trabalho nem sempre acompanha o crescimento da população urbana.
Outra questão é que nem sempre as pessoas têm a qualificação exigida para ocupar determinadas vagas. Com o desemprego, cresce a desigualdade social e a violência nas cidades.
Os transportes podem ser um problema no espaço da cidade. Isso porque as cidades não comportam a quantidade de carros que as pessoas têm, quando algumas cidades aderem ao sistema de rodízios.
O transporte coletivo por vezes é caro, lento ou cheio, e isso pode desmotivar as pessoas a usarem este serviço. A mobilidade urbana é um problema em várias cidades do Brasil.
No espaço urbano, as pessoas se submetem aos horários estabelecidos pelas indústrias e empresas. Nas cidades, as pessoas precisam comprar tudo o que consomem, já que não plantam e nem criam animais.
Na zona urbana as famílias se tornaram mais reduzidas, pois nas cidades não são necessários muitos membros na família para ajudar no trabalho diário, assim como ocorria no campo.
As pessoas também ficam fora de casa durante muitas horas do dia. Dependem de transporte e se deslocam até seus trabalhos e estudos. Quanto maiores as cidades, mais tempo é gasto com deslocamentos.
Apesar disso, é nas cidades que as pessoas têm mais opções de entretenimento, especialmente nas maiores. É lá que estão os cinemas, parques, shoppings, teatros etc. Desta forma, as opções de lazer são potencializadas.
As pessoas também têm acesso mais facilitado aos bens de consumo e prestação de serviços, como ir até um hospital, farmácia, supermercado, levar as crianças para escola ou resolver questões burocráticas.
Mas entenda: cidade e campo não são opostos. Cada um destes espaços possui características próprias e que estão relacionadas uma com a outra. Nenhum destes espaços é melhor do que o outro, pois são situações e dinâmicas diferentes.
Os conceitos de rural e urbano são representações sociais das atividades humanas e da organização do espaço geográfico.
Na zona rural [12], as atividades se desenvolvem conforme as condições deste espaço. Na urbana, a organização espacial é diferente e isso influencia as atividades humanas. Porém campo e cidade são conceitos mais concretos.
O campo é o ambiente onde as atividades agrícolas ou pecuárias ocorrem, pois os terrenos são maiores (sítios, chácaras, fazendas), e as pessoas normalmente vivem das atividades que desenvolvem lá, como a plantação, criação de animais e elaboração de produtos para alimentação.
A cidade tem uma dinâmica diferente. Lá as pessoas trabalham fora para conseguir sua subsistência, há um grande deslocamento diário para as mais variadas funções (trabalhadores, estudantes), e as pessoas compram no supermercado quase todo o alimento que necessitam.
Campo e cidade são instâncias interdependentes, pois o campo depende da cidade para atividades como compra de bens que não são produzidos no campo, atividades bancárias e burocráticas, escolas etc.
E a cidade depende do campo para abastecimento dos supermercados e feiras, de modo que sem o campo, não haveriam alimentos.
Cerca de 85% da população brasileira vive na zona urbana do país. A maior concentração de pessoas na zona urbana está na região Sudeste do país [13] (93%). A segunda região mais urbanizada do Brasil é o Centro-Oeste, seguida pela região Sul [14], Norte e Nordeste [15].
O maior processo de urbanização do país, atrelado ao êxodo rural, ocorreu entre as décadas de 1970 e 1980.
Foram vários os fatores que levaram à consolidação da zona urbana brasileira, como a mecanização do campo e a crescente industrialização nas cidades.
Os trabalhadores que já não conseguiam mais se sustentar com o trabalho no campo, migravam para as cidades em busca de emprego.
O crescimento da zona urbana gerou os centros metropolitanos do Brasil, como é o caso de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Goiânia e também Manaus. Estas grandes cidades são referência para cidades menores que ficam na região.
São Paulo é atualmente a maior zona urbana do Brasil, é também a maior cidade da América do Sul. Como tal, ela influencia várias outras cidades ao entorno e pelo país todo.
Muitas pessoas de várias regiões migram para São Paulo em busca de melhores condições de emprego ou de oportunidade para estudos.
A zona urbana brasileira não abrange apenas as grandes cidades, mas também cidades pequenas por todo país. As dinâmicas são diferentes, onde as cidades pequenas costumam ter um ritmo mais lento e são bastante dependentes das dinâmicas rurais.
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Classificação e caracterização dos espaços rurais e urbanos do Brasil: uma primeira aproximação. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv100643.pdf. Acesso em 17 out. 2019.
MOREIRA, João Carlos; SENE, Eustáquio de. Geografia. São Paulo: Scipione, 2011.
SANTOS, Milton. A Urbanização Brasileira. São Paulo: Hucitec, 1993.
SCARLATO, Francisco Capuano. População e Urbanização Brasileira. In: ROSS, Jurandyr L. Sanches (Org.). Geografia do Brasil. 6ª Ed. São Paulo: EDUSP, 2014.