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Sistema linfático

Já ouviu falar sobre o sistema vascular linfático ou simplesmente sistema linfático? Essa é mais uma estrutura complexa do nosso organismo e que desempenha funções importantes.

As células dos tecidos do corpo humano são banhadas pelo fluido intersticial, formado pela fração do plasma que sai da porção arterial dos capilares sanguíneos. O excesso desse fluido retorna ao sangue, o que acontece em grande parte na porção venosa dos capilares sanguíneos.

Entretanto, cerca de 10% do fluido intersticial não retorna diretamente para o sangue, sendo coletado pelo sistema vascular linfático. O excesso de líquido assim recolhido recebe o nome de linfa e é transportado pelos vasos linfáticos de volta para o sangue.

A linfa é um líquido incolor e viscoso, bem parecido com o plasma sanguíneo. Na linfa há linfócitos e a parte fluida tem composição semelhante à do fluido intersticial dos tecidos onde ela se forma.

Por exemplo, a linfa formada no fígado tem maior concentração de proteínas que a formada na região do intestino, onde ela pode ser muito rica em gorduras.

Sistema vascular linfático

O distrito linfático (ou sistema vascular linfático) é formado por vasos inicialmente muito finos, os capilares linfáticos, que têm fundo cego e se localizam entre as células dos tecidos. Eles drenam o fluido intercelular, que passa a ser denominado de linfa ao entrar nessas estruturas.

Demonstração do sistema linfático

Uma das principais funções do sistema linfático é auxiliar nas defesas do corpo (Foto: depositphotos)

Os capilares linfáticos reúnem-se progressivamente em vasos de calibre cada vez maior, que desembocam nos ductos linfáticos. Estes levam a linfa para veias de grande calibre do distrito sanguíneo. Os vasos linfáticos apresentam válvulas que impedem o refluxo da linfa.

No trajeto dos ductos linfáticos há linfonodos (gânglios linfáticos), cuja função é filtrar a linfa, retirando bactérias e outros agentes que possam ser nocivos ao organismo.

Quando a linfa passa pelo linfonodo, os macrófagos fagocitam microrganismos patogênicos (que podem causar doenças), como as bactérias que tenham conseguido penetrar no corpo e que estejam sendo transportados pela linfa.

Isso provoca uma resposta de defesa: os linfócitos do linfonodo proliferam, muitos deles diferenciam-se em plasmócitos, que sintetizam anticorpos. Os linfonodos assim estimulados aumentam de tamanho, sendo muitas vezes palpáveis na pele, principalmente na região do pescoço. Esses nódulos são popularmente chamados ínguas.

Importância

O sistema linfático é muito importante na defesa do nosso organismo, pois ele atua em parceria com o sistema imunológico. Ele também tem grande importância na absorção de ácidos graxos e no equilíbrio dos fluidos celulares.

É um sistema que atua de modo lento e com baixa pressão, ao contrário do sistema sanguíneo.

Órgãos linfoides

Além de vasos e linfonodos, participam desse sistema vários órgãos linfoides, como baço, timo, tonsilas (amígdalas), adenoides e medula óssea vermelha.

Linfonodos e órgãos linfoides participam dos mecanismos de defesa do corpo. As tonsilas (antigamente chamadas amígdalas) e as adenoides são órgãos que produzem linfócitos T.

O timo é um órgão muito desenvolvido nos recém-nascidos e que sofre uma involução após a puberdade. Em pessoas acima de 60 anos é bem reduzido, mas não chega a desaparecer. Suas principais células são os linfócitos T e os macrófagos. O timo também produz hormônios que estimulam outros órgãos linfáticos.

O baço é um órgão rico em macrófagos, que fagocitam microrganismos que penetram no sangue; rico em linfócitos T e B, é um órgão importante nos mecanismos de defesa. Do mesmo modo que os linfonodos “filtram” a linfa, o baço “filtra” o sangue. Atua também na degradação das hemácias.

A medula óssea vermelha é responsável pela produção de linfócitos B.

Linfócitos

Os linfócitos podem ser agrupados em dois grandes grupos: linfócitos B e linfócitos T. Eles são responsáveis pela nossa imunidade, ou seja, a capacidade que temos de reagir a determinadas doenças, pela produção de anticorpos. Os dois principais tipos de linfócitos T são:

  • Linfócitos T citotóxicos (ou células CD8): unem-se às células infectadas e as destroem. Por sua ação, eles também são chamados “linfócitos assassinos ou matadores”. Eles não têm atividade fagocitária, não destruindo diretamente o microrganismo invasor; eles destroem as células do corpo que estão sendo atacadas por um agente infeccioso. Os linfócitos T citotóxicos são capazes de reconhecer células cancerígenas e destruí-las antes que formem um tumor maligno. São as principais células responsáveis pela rejeição de órgãos transplantados
  • Linfócitos T auxiliares (ou células CD4): participam de mecanismos que ativam os linfócitos T e estimulam os linfócitos B em sua função de produzir anticorpos.

O sistema linfático e as doenças

Algumas doenças podem afetar o sistema linfático, as principais são:

  • Filariose: a filariose ou elefantíase é uma doença infecciosa, causada por um tipo de parasita que é transmitido por mosquitos. Isso provoca uma obstrução dos vasos e linfonodos, ocasionando muito inchaço no local da enfermidade
  • Má formação do sistema linfático: a má formação é ocasionada por fatores genéticos, geralmente atingindo os gânglios linfáticos e os vasos
  • Lesões na circulação linfática: as lesões podem ser causadas por diversos fatores como acidentes, pancadas, procedimentos cirúrgicos ou tratamento específicos, tal como a radioterapia durante o tratamento do câncer. As lesões prejudicam a capacidade de drenagem da linfa. Um caso frequente é devido ao tratamento do câncer de mama, onde algumas mulheres precisam se submeter à retirada de gânglios linfáticos na região da axila
  • Câncer: o câncer pode comprometer diretamente o bom funcionamento do sistema linfático ao atingir seus vasos e órgãos. A metástase ou o crescimento de tumores nas mamas, na cabeça, no abdômen e no pescoço, por exemplo, são os tipos mais prejudiciais ao sistema linfático.
Uma perna inchada

Elefantíase é um tipo de doença que causa obstrução dos vasos e linfonodos (Foto: depositphotos)

Drenagem linfática

Você já deve ter ouvido falar ou até mesmo feito uma drenagem linfática. Quando o sistema linfático não tem um bom desempenho, a drenagem linfática atua auxiliando o retorno da linfa.

A drenagem é realizada através de massagens com movimentos suaves e repetitivos, estimulando e promovendo a circulação da linfa. Essa técnica ajuda bastante as pessoas que precisam eliminar esse acúmulo de líquido intercelular e o resultado é a melhora da circulação e a diminuição do inchaço.

O acúmulo de gordura entre as células, também conhecido como celulite, é uma doença associada ao sistema linfático. O tratamento é realizado através da drenagem linfática.

Referências

FERRANDEZ, Jean-Claude. “El sistema linfático“. Ed. Médica Panamericana, 2006.

DE GODOY, José Maria Pereira; GODOY, Maria de Fátima Guerreiro. “Drenagem linfática manual: novo conceito“. J Vasc Br, v. 3, p. 77-80, 2004.

Sobre o autor

Natália Duque é Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro.