Êxodo rural – Causas e consequências

A saída de pessoas das áreas rurais em direção ao espaço urbano é um fenômeno comum aos países que estão passando pelo processo de desenvolvimento atrelado principalmente ao setor industrial.

A industrialização demanda uma alta quantidade de trabalhadores aptos ao desenvolvimento de funções laborais, sendo que consequentemente ao processo industrial, ocorre também a urbanização das cidades. O êxodo rural, no Brasil, está atrelado a variados fatores e tem muitas consequências, positivas e negativas, à organização do espaço e à qualidade de vida das pessoas.

O que é o êxodo rural?

O fenômeno conhecido como êxodo rural corresponde ao processo no qual há uma massiva saída de pessoas do campo de um dado local, as quais se deslocam aos centros urbanos para continuarem suas vidas.

O êxodo rural ocorre em um período de tempo determinado, ou seja, a saída esporádica de pessoas do campo não corresponde ao fenômeno, mas sim a ocorrência com intensidade em um recorte espacial e temporal.

O êxodo rural ocorre em um período de tempo determinado

A urbanização é uma das maiores causas desse fenômeno (Foto: depositphotos)

Quais as causas do êxodo rural?

  • Modernização das atividades no campo: diante do processo de modernização das atividades nas áreas agrícolas, especialmente com o emprego de maquinários nos processos de produção, há uma diminuição da necessidade de pessoas trabalhando no campo. Assim, as pessoas que antes trabalhavam em atividades agrícolas, podem agora buscar empregos nas áreas urbanas, especialmente nas indústrias.
  • Expansão dos latifúndios: a concentração de terras é um dos mais sérios problemas sociais do Brasil, onde muitas pessoas não têm acesso à terra, enquanto uma pequena parcela da população concentra enormes extensões de terras em suas mãos. Quando o latifúndio se intensifica em um dado local, mas famílias que residem ao entorno das grandes propriedades acabam sendo forçadas a venderem suas terras aos latifundiários. Isso ocorre porque as pequenas propriedades se tornam pouco competividades no mercado e, principalmente, porque o excessivo uso de produtos como agrotóxicos e transgênicos nos latifúndios monocultores, acabam por contaminar e prejudicar a pequena produção. Assim, os pequenos agricultores são, por vezes, forçados a deixar suas propriedades e buscar a vida nas cidades.
  • Industrialização: a necessidade de pessoas para trabalhar nas indústrias fez com que muitas pessoas deixassem as atividades no campo para migrarem aos centros urbanos. O trabalho na fábrica apresentou à estas pessoas um ordenamento e uma lógica com a qual não estavam acostumadas até aquele momento, especialmente pela necessidade de pautar a vida cronologicamente, ou seja, o relógio ditando as regras do cotidiano das pessoas. No campo, por exemplo, as atividades baseiam-se mais pela questão natural da claridade solar, já na fábrica, tudo é organizado pelo tempo relógio.
  • Envelhecimento da população no campo: há um processo iminente de envelhecimento da população no campo, sendo que em muitas ocasiões os jovens deixam o campo para estudar nos centros urbanos e nunca mais retornam para viver no campo. Assim, com o passar do tempo, as famílias são forçadas a deixarem o campo, porque os idosos já não conseguem mais suprir as necessidades que a vida no campo demanda. Quando os idosos falecem, muitas vezes os filhos se desfazem das propriedades, porque não possuem intenções de continuar vivendo no meio rural. 

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Quais as consequências do êxodo rural?

  • Necessidade de adaptação em um novo modo de vida: quando as pessoas se deslocam do campo para as cidades, são “obrigadas” a passar por um processo de adaptação a um novo modo de vida, onde existem pontos positivos e negativos. Um dos pontos positivos da vida na urbe é a possibilidade de encontrar os produtos que precisa mais próximos, sem necessitar um deslocamento tão grande. No entanto, esse mesmo fator também gera características negativas, quando a pessoa que antes plantava boa parte de sua alimentação, agora precisa comprar tudo de que necessita. Isso encarece os gastos mensais das famílias, as quais precisam trabalhar ainda mais para consumir.
  • Diminuição da variedade produtiva no campo: com o processo de êxodo rural, por vezes ocorre a expansão de atividades de monocultura. Quando isso ocorre, há uma diminuição da variedade produtiva no campo. Ou seja, o pequeno produtor tem condições de plantar uma ampla variedade de espécies de grãos, legumes, frutas e verduras. Quando a monocultura toma as propriedades, apenas um tipo de planta será cultivado.
  • Inchaço urbano e marginalização: quando há um fenômeno de êxodo rural, entende-se que o deslocamento de pessoas para as cidades desde o campo é intenso. Assim, os centros urbanos não possuem infraestrutura necessária para abrigar todas essas pessoas que estão chegando, o que ocasiona sérios problemas. O inchaço urbano é causa para o trânsito, para a precariedade da oferta de serviços à população e, principalmente, pela marginalização ou periferização. A marginalização é um processo que ocorre nos centros urbanos, onde as áreas centrais são hipervalorizadas pelo comércio e tornam-se propriedades de pessoas que detêm muito dinheiro. Assim, os pobres são automaticamente “empurrados” para as regiões mais periféricas dos centros urbanos, ocupando áreas marginalizadas. É neste contexto que surgem as favelas e ocupações irregulares, onde os problemas sociais tornam-se ainda mais complexos, principalmente pela falta da assistência governamental, onde pode ocorrer falta de serviços como água encanada, energia elétrica, transporte, coleta de lixo, dentre outros.
  • Problemas urbanos: são alguns dos principais problemas urbanos, a violência, ocasionada principalmente pela falta de oportunidade de trabalho nos espaços urbanos; a precariedade dos serviços públicos, o que corresponde a um fator que ocorre em várias partes do país, por motivos variados, os quais envolvem principalmente o mau uso do dinheiro público; o desemprego, originado pelo excesso de trabalhadores disponíveis para as atividades laborais, bem como pela desvalorização do trabalho, dentre outros fatores e, ainda, o trânsito, como consequência da precariedade no transporte público e o excesso de pessoas vivendo nos centros urbanos.

Problemas ambientais urbanos: são alguns dos principais problemas ligados às questões ambientais nas cidades, a poluição atmosférica, ocasionada pela emissão de gases poluentes na atmosfera, advindos das atividades produtivas e dos meios de locomoção; a poluição das águas e ainda as poluições sonora e visual.

Um dos mais sérios problemas urbanos são as ilhas de calor, fenômenos nos quais alguns pontos da área urbana apresentam temperaturas mais elevadas, por conta do acúmulo de gases poluentes na atmosfera. Além de um problema urbano, as ilhas de calor causam também problemas de saúde.

 

Referências

» GARCIA, Helio; MORAES, Paulo Roberto. Geografia. São Paulo: IBEP, 2015.

» VESENTINI, José William. Geografia: o mundo em transição. São Paulo: Ática, 2011.

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).