Desemprego estrutural

O mundo passa por diversas transformações, e nas mídias são divulgadas informações sobre os acontecimentos. A expansão do capitalismo, no âmbito do processo da globalização, fez com que as formas de trabalho fossem alteradas, empregando elevados investimentos em tecnologias, mudando as relações trabalhistas.

Um dos mais graves problemas sociais que emergem no mundo é o desemprego estrutural, o qual é o reflexo da substituição da força humana na produção pelo uso das tecnologias. O desemprego estrutural é considerado como o grande desafio a ser enfrentado no capitalismo contemporâneo, isso pelas dimensões que ocupa e pelas diferenças (graves) que apresenta em relação ao desemprego conjuntural.

Assim, é muito importante compreender ambos os conceitos, desemprego conjuntural e desemprego estrutural, para perceber como estes podem afetar a dinâmica da sociedade.

Desemprego estrutural

O desemprego estrutural trata da substituição da força humana pelo uso das tecnologias

O desemprego estrutural é considerado como o grande desafio (Foto: depositphotos)

O desemprego estrutural é uma das formas pelas quais o desemprego acontece no mundo, sendo considerada como grave e generalizada, derivada de fatores com escassas condições de restabelecimento, o que o torna ainda mais difícil.

O desemprego estrutural é um fenômeno que ocorre quando há um desequilibro entre a oferta e a procura de competências de trabalho, sendo que esse desequilíbrio pode ocorrer de forma mais pontual ou generalizada, dependendo das dinâmicas econômicas do contexto.

Deste modo, o desemprego estrutural acontece quando a relação entre o número de trabalhadores que o mercado quer contratar é menor do que a oferta de trabalhadores disponíveis ao mercado. Basicamente, sobram pessoas para trabalhar, mas faltam vagas no mercado de trabalho, levando a um estado de desemprego que não é ainda mais grave do que o desemprego conjuntural, porque não gera expectativas de melhorias.

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Existência do salário mínimo

A existência de um salário mínimo estabelecido para pagamento aos trabalhadores, bem como a legislação que impede a flexibilidade deste salário, são apontadas como algumas das causas para o desemprego estrutural. Isso ocorre porque não havendo o estabelecimento de um salário mínimo, os empregadores poderiam dinamizar o mercado de trabalho através da flexibilidade dos pagamentos.

Por exemplo, havendo uma grande demanda de pessoas procurando trabalho, os empregadores poderiam reduzir os salários dos empregados, gerando condições para mais contratações.

No entanto, sabe-se que essa ideia é meramente teórica, porque na prática, se não houvesse um salário mínimo obrigatório pago aos trabalhadores, os empregadores poderiam tornar ainda mais precárias as condições de trabalho, usando o “exército de reserva” como desculpa para pagar pouco aos trabalhadores, e mesmo assim não ampliando o quadro de trabalhadores.

Deste modo, o salário mínimo é uma conquista dos trabalhadores, fruto de lutas históricas, e precisa ser mantido e ampliado.

Diferenças entre desemprego estrutural e conjuntural

Os conceitos que estão relacionados com o problema social do desemprego podem confundir as pessoas quando veiculados sem explicações pelos meios midiáticos. O desemprego conjuntural é bastante comum, especialmente em contextos de crises econômicas, como as que algumas partes do mundo têm vivido no momento contemporâneo.

Essa forma de desemprego é também conhecida como desemprego cíclico e, como seu próprio nome diz, ela é momentânea, condicionada a um momento histórico. O desemprego conjuntural está relacionado com as variações cíclicas da economia. Assim, em momentos onde a economia vive uma explosão (boom econômico) há uma tendência de aumento da empregabilidade, com elevados índices de contratações e expansão das atividades da indústria, do comércio, da agricultura, etc.

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Já quando a economia passa por um período de crise, ou de recessão, a empregabilidade sofre junto, porque os empregadores acabam demitindo pessoas com a finalidade de contenção de gastos. Obviamente que com o desemprego, há também uma fragilização/comprometimento do poder de compra das pessoas, o que pode agravar ainda mais a questão econômica e a retomada do crescimento.

No desemprego conjuntural, entende-se que as demissões estão relacionadas a conjuntura econômica, sendo, portanto, passageiras. Pelo menos na teoria, quando a crise econômica tiver passado e, voltando a expansão das atividades produtivas, as pessoas terão empregos novamente.

No entanto, isso nem sempre acontece na prática, já que os próprios modos de produção estão se modificando, empregando técnicas e mecanismos autônomos ao invés da mão-de-obra humana. Quando isso acontece, especialmente em países com elevado desenvolvimento, gera-se uma forma mais grave de desemprego, a qual é permanente.

Havendo uma substituição do trabalho humano pela força de máquinas ou robôs, há consequentemente um estado permanente de desemprego.

Causas do desemprego estrutural

Existem várias causas para o desemprego estrutural, este que está engendrado as mudanças nas formas de produção, sendo algumas delas: a utilização crescente de robôs nos processos produtivos, especialmente nas indústrias; a instalação de sistemas de autogestão e autoatendimento (ex: caixas eletrônicos em agências bancárias, caixas em supermercados onde o cliente mesmo passa e paga suas compras, etc.); informatização de instituições, substituindo o trabalho burocrático pelos sistemas (informações ficam contidas em sistemas, não mais em papeis gerenciados pela ação humana); compras em sistemas de internet, através de compras online, onde não há a necessidade de contato com o vendedor; introdução de tecnologias, as quais substituem o trabalho humano por computadores e máquinas automatizadas, dentre outros.

O desemprego estrutural é parte do sistema capitalista, e não consequência de um estado momentâneo da economia. Embora haja a criação de novos postos de trabalho, ou novas modalidades de trabalho, diante da expansão capitalista e das novas relações de trabalho, ainda assim ele é um sério problema.

A falta de expectativas para o trabalhador gera consequências mais graves, como a redução da qualidade de vida e do acesso aos bens de consumo, duráveis ou não. Neste cenário do desemprego estrutural, muitas pessoas estão buscando alternativas na informalidade, ou ainda trabalhando com prestação de serviços diretamente aos consumidores, de forma autônoma.

É nestas condições que as pessoas buscam criar formas pelas quais sua sobrevivência seja possível, já que não há, no desemprego estrutural, uma promessa de que as condições melhorem. O desemprego estrutural acaba sendo mais comum em países desenvolvidos, justamente porque é nestes que há uma ampliação das tecnologias nas atividades produtivas.

Ainda assim, com a globalização e a implantação de multinacionais em partes do mundo consideradas pouco desenvolvidas, essa realidade acaba se estendendo para várias do mundo. A situação fica ainda mais complexa em momentos de crise, quando somam-se as quantidades de desempregados por questões conjunturais.

 

Referências

»GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6 ed. Porto Alegre: Penso, 2012.

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).