Cultura indígena

Embora os primeiros habitantes das terras que hoje chamamos de Brasil tenham sido os índios, conhecemos de forma muito fragmentada a cultura indígena.

Isso ocorre porque há uma grande diversidade de povos indígenas no Brasil hoje, mesmo que vários grupos tenham desaparecido após a chegada dos europeus no território brasileiro.

Por vezes a cultura indígena é representada de forma muito superficial na sociedade brasileira, utilizando-se adornos sem que nem ao menos saibamos de fato o que estes representam originalmente.

A cultura indígena é muito rica em diversidade, em significados e rituais. Conhecer um pouco mais sobre essa cultura é também valorizar os povos indígenas em sua singularidade.

Como é a cultura indígena?

A cultura indígena é muito diversificada, ou seja, existem muitas culturas indígenas. Além de cada povo ter sua própria cultura, com o contato entre estes povos, bem como com os povos que vieram da Europa e posteriormente de outros lugares do mundo, a cultura indígena foi se transformando.

Índios dançando

A cultura indígena é marcada por religiosidade, danças e lendas (Foto: depositphotos)

Portanto, a cultura indígena hoje não é igual a que eles praticavam antes da chegada dos europeus.

Alguns aspectos da cultura indígena foram preservados e são manifestados ainda atualmente, como algumas de suas ritualísticas. Os rituais são os responsáveis por contar ou recriar os mitos de um povo, promovendo a interação entre divindades, homens, animais e plantas.

Estes rituais variam de grupo para grupo, mas podem acontecer nas iniciações e passagens (exemplo: preparação para convivência social, para a vida adulta, para o casamento, dentre outros); nos funerais, para a separação dos que estão vivos e os que estão mortos; nos nascimentos, especialmente quando nascia um menino.

Os rituais também podem acontecer nas mudanças de estação do ano, nas fases da Lua, bem como para pedir por chuvas ou pela plantação.

Os mitos estão muito presentes na cultura indígena, de modo que são eles que explicam todos os acontecimentos do mundo físico. Estes mitos são as histórias fundamentais, ou fundadoras, que mantém a unidade de crenças de um grupo indígena.

Os mitos ajudam a compreender o que é permitido ou não para um determinado grupo, o que eles consideram como bom ou mau, ainda os acontecimentos como chuva, trovão, seca e outros fenômenos naturais.

Os indígenas tem outra percepção da natureza, de modo que as coisas que ocorrem são manifestações do sagrado. A terra, por exemplo, não é vista como mercadoria, mas sim como espaço sagrado, no qual foram enterrados os antepassados, um ambiente a ser preservado e respeitado.

Para eles, os locais onde os antigos foram enterrados são uma parte deles próprios.

Religião indígena

Não há uma religião indígena única, pois cada povo tinha suas próprias crenças, rituais e manifestações. O que é comum entre os grupos é a crença em divindades ligadas às forças da natureza, bem como em espíritos dos antepassados.

Comumente se referencia a religião dos índios das terras brasileiras como Xamanismo, um conjunto de crenças e práticas ancestrais sob a condução do Xamã, o qual é denominado de Pajé.

O Xamanismo tem como base promover as conexões entre os seres vivos com o mundo espiritual. Ainda assim, há uma pluralidade de manifestações religiosas entre os indígenas, as quais variam em conformidade com a histórica de cada povo.

Dança e artesanato indígena

A dança é uma forma de expressão nas ritualísticas indígenas, podendo estar relacionada com várias ocasiões, como a preparação para uma guerra ou quando voltam desta, celebração de um cacique, comemoração pela boa colheita ou pescaria, ritos de passagem, dentre outros.

As danças podem ser individuais ou coletivas, usando-se adornos como máscaras, amuletos e outros. As músicas costumam ser entoadas pelos próprios indígenas com auxílio de instrumentos rudimentares, compassadas, permitem o fluxo da dança.

O artesanato indígena é bastante apreciado pelas pessoas que gostam desta cultura. Não há um padrão em relação às artes produzidas pelos índios, variando em conformidade com cada povo.

Mesmo antes da chegada dos europeus em terras brasileiras, os índios já desenvolviam artesanatos com os materiais que retiravam da natureza. Mesmo as tinturas utilizadas são feitas a partir de elementos naturais, como o próprio urucum, que confere uma cor vermelha no tingimento.

Influência da cultura indígena no Brasil

O antropólogo Darcy Ribeiro em seu famoso livro “O Povo Brasileiro” analisa que a cultura brasileira foi constituída a partir de uma matriz original formada pelos indígenas nativos, os negros africanos e os europeus, somando-se a isso os povos que vieram posteriormente.

Assim, a cultura indígena sempre esteve nas terras do Brasil, desde as práticas alimentares, as ritualísticas até a linguagem. Muitas palavras que são usadas no nosso cotidiano são oriundas da linguagem indígena, o mesmo ocorre para nomes de rios, plantas e animais.

Várias plantas medicinais são conhecidas devido aos conhecimentos dos índios, bem como técnicas de extração de componentes tóxicos dos alimentos, como é o caso da mandioca.

Mitos e lendas indígenas também se disseminaram no folclore brasileiro, como o Curupira, a Iara, o Boto, o Boitatá, a Caipora, dentre várias outras. Costumes como o de deitar em redes e comer tapioca também advém dos hábitos indígenas.

Assim, muitas coisas que fazemos ou gostamos hoje, foram apreendidas da cultura dos povos nativos do Brasil.

Como era a vida dos índios antes da chegada dos europeus?

Vários são os povos indígenas que historicamente habitaram as terras do que hoje chamados de Brasil. Cada um destes grupos tinha particularidades culturais, religiosas e nos costumes.

Portanto, não havia uma cultura indígena única, mas uma ampla variedade de manifestações culturais apresentadas pelos grupos existentes. Alguns grupos eram mais avançados na linguagem, outros eram mais adiantados no artesanato, e assim por diante.

De modo geral, os povos indígenas viviam de atividades como caça, pesca e agricultura antes da chegada dos europeus.

Houve duas frentes de contato com os índios no território brasileiro, uma pela costa Leste com os portugueses, outra pela costa Oeste com os espanhóis. Os grupos indígenas encontrados pelos europeus nas duas frentes eram diferentes, tinham hábitos e sociabilidades diferentes, bem como culturas distintas.

Quando os portugueses entraram em contato com os povos nativos, tiveram melhor capacidade de entendimento com os tupis do que com outros grupos, isso porque se considera que estes eram mais adiantados do que os índios que viviam no interior do território.

Os tupis tinham técnicas bem desenvolvidas de caça, desenvolvimento de cerâmicas, plantação de alguns gêneros alimentares, além de viverem em aldeias.

Referências

BRASIL. Fundação Joaquim Nabuco. “Danças indígenas no Brasil“. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=839&Itemid=1. Acesso em 16 abr. 2019.

BRASIL. Fundação Nacional do Índio – FUNAI. “Índios no Brasil – quem são?” Disponível em: http://www.funai.gov.br/index.php/indios-no-brasil/quem-sao. Acesso em 16 abr. 2019.

Sobre o autor

Mestre em Geografia e Graduada em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Especialista em Neuropedagogia pela Faculdade Alfa de Umuarama (FAU) e em Educação Profissional e Tecnológica (São Braz).