Originário do latim, o termo solilóquio possui o sentido de “falar sozinho em voz alta”. Trata-se de um conceito associado ao monólogo, sendo uma técnica frequentemente utilizada nas peças teatrais e obras literárias.
O solilóquio é um tipo de discurso que presume que o personagem aja como se estivesse inteiramente desacompanhado, articulando e enunciando os seus pensamentos e sentimentos em voz alta.
Características da técnica solilóquio
Do latim soliloquĭum, a técnica solilóquio é bastante utilizada no romance e na dramaturgia. Na literatura, o termo foi consagrado por Santo Agostinho em seu “Líber Soliloquium”.
Consiste na oralização do que se passa na consciência do personagem, tendo, portanto, um grande valor psicológico, uma vez que permite o conhecimento do interior do sujeito em questão.
Considera-se que, no solilóquio, a intervenção do escritor é nula, e o personagem comunica-se diretamente com o leitor. É importante ressaltar que esta técnica é organizada conforme padrões lógicos.
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Este recurso literário sempre é feito na primeira pessoa, direcionando o seu discurso ao leitor como se estivesse conversando com um interlocutor que permanece calado o tempo inteiro. Foi utilizado regularmente durante os séculos XVI e XVII, como podemos observar na obra “Hamlet”, de William Shakespeare. O escritor inglês escreveu um dos solilóquios mais famosos da história: “Ser ou não ser, eis a questão” (no original em inglês: To be or not to be, that is the question).
Durante o século XX, este recurso tornou-se bastante frequente nas obras literárias, e também pode ser facilmente encontrado no teatro, em animações, filmes e em óperas. No psicodrama, o solilóquio é compreendido como a técnica em que o diretor “congela” a cena e solicita ao protagonista que exponha os seus sentimentos em voz alta.
Diferença entre solilóquio e monólogo
O solilóquio é um tipo de discurso que está associado ao monólogo, no entanto, é fundamental traçar as diferenças entre ambos os conceitos.
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No monólogo, o personagem se dirige ao espectador ou leitor; no solilóquio, o enunciador dialoga consigo mesmo, falando em voz alta o que se passa em sua consciência. Existe também diferença do monólogo interior, caso em que as expressões orais se passam no subconsciente do protagonista, ocorrendo a estruturação e emissão de emoções e pensamentos de uma maneira ilógica, sem qualquer coerência.
Os monólogos e solilóquios também têm uma característica em comum: os pensamentos e sentimentos partem de um único ser, não existindo um diálogo entre interlocutores, mas sim um personagem que expõe – em uma tarefa solitária – as suas ideias e sentimentos.