Biografia de Luiz Gonzaga

A biografia de Luiz Gonzaga é emocionante. O menino nascido no sertão de Pernambuco tornou-se um dos maiores artistas do cenário nacional. Por isso, é importante que você conheça a história da infância, juventude, primeiros passos na carreira e o auge do sucesso de Gonzagão, como era carinhosamente chamado por alguns.

O compositor, músico e cantor deixou uma herança cultural e artística incrível para o Brasil. Depois dele, surgiram novos ritmos e outros, já existentes, foram popularizados do Oiapoque ao Chuí. Saiba mais sobre a vida desse artista.

Biografia de Luiz Gonzaga: Infância de Luiz Gonzaga

Luiz Gonzaga nasceu em 13 de dezembro de 1912, na Fazenda Caiçara, em Exu, no sertão do estado de Pernambuco, no Nordeste do Brasil. Filho de Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus, ambos homenageados das composições de Luiz Gonzaga, ele tinha oito irmãos e era o segundo mais velho.

Um dos fatos marcantes da infância de Luiz Gonzaga é que seu pai era sanfoneiro e nas horas vagas consertava vários instrumentos. Isso foi determinante para que o menino escolhesse a sanfona como sua companheira de palco.

Luiz Gonzada com chapéu de couro

Gonzagão, como era apelidado, começou a tocar sanfona aos 8 anos (Foto: Site Luiz Gonzaga)

A biografia oficial diz que o garoto Luiz aproveitava a ausência do pai que trabalhava na roça para mexer nas sanfonas e iniciar os primeiros acordes. Apesar disso, fazia tudo isso sobre o olhar de reprovação da mãe que não via futuro no filho sair tocando pelos lugares, como o pai já fazia.

Mas nada deteve o menino que aos 8 anos fazia questão de acompanhar o seu pai nas festas da vizinhança para vê-lo tocar e, claro, aprender ainda mais. Vez ou outra, Luiz tocava com o pai e as pessoas foram tomando conhecimento que o jovem também dominava a sanfona.

Primeiros passos na música

O primeiro convite para tocar sozinho foi para suprir a ausência de um músico, pois o tocador convidado oficialmente acabou não aparecendo para tocar no forró. Assim, Luiz Gonzaga acabou sendo convidado de última hora para substituir o faltoso, afinal, o forró não poderia ser cancelado.

Apesar da surpresa do convite, o músico ainda iniciante deu conta do recado e, a partir desse dia, passou a acompanhar seu pai nas tocadas dos arredores.Também começou a dividir timidamente o palco com o patriarca até assumir o protagonismo, quando Januário parava para descansar.

Mas, a vida do jovem Luiz Gonzaga não era só música e noitada no forró. O menino também ajudava na roça da família, frequentava feiras locais com a mãe e aprendia a ler.

No entanto, foi o dinheiro das tocadas da noite, que Luiz Gonzaga em 1924, aos 12 anos, juntou dinheiro para comprar a primeira sanfona. Mas isso só foi possível graças a ajuda do Coronel Manuel Aires de Alencar, conhecido como Coronel Aires, homem de posses, que acabava empregando e ajudando muita gente na região.

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Juventude de Luiz Gonzaga

Ao completar a idade de servir ao Exército, Luiz Gonzaga decidiu que era hora de se alistar. Em 1930, sem a família saber, ele foi até o Crato, cidade maior da região, vendeu sua sanfona, e embarcou para Fortaleza, capital do estado do Ceará.

A ideia era entrar para as forças armadas para ter uma renda fixa e um futuro profissional. Essa ideia surgiu logo após o sanfoneiro se apaixonar e ter a mão da moça negada pelo pai, pois segundo ele, o jovem Luiz não tinha um emprego. Foi então que o jovem conseguiu entrar para o Exército e foram longos anos de serviço, inclusive com missões em outros estados brasileiros.

Embora como homem da lei e da ordem, Gonzaga nunca se esqueceu da sanfona. Durante o serviço no Exército ele conheceu um outro sanfoneiro, o Domingos Ambrósio, que viria a ser tornar seu mentor artístico e grande incentivador.

Em 1939, Gonzagão deu baixa na carreira militar e se mudou para São Paulo e depois para o Rio de Janeiro, à época, capital do Brasil. Assim, reiniciava sua vida de tocador. Desta vez, não com músicas do Sertão, mas com canções estrangeiras que embalavam as noites sulistas nos cabarés e bares da periferia carioca.

Vida adulta

Depois de um tempo tocando canções de outras culturas, Gonzaga acabou sendo incentivado por uma plateia mais jovem a tocar o ritmo da sua terra natal. E assim ele fez, o que mudou completamente o rumo de sua carreira.

Em pouco tempo, Luiz Gonzaga tornava-se mais popular com suas composições que falavam sobre a vida no sertão e seu ritmo contagiante. Depois de se apresentar no programa de auditório de Ary Barroso, ele foi convidado pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro e dava início a uma carreira de sucesso.

Nessa época, Gonzaga aperfeiçoou o ritmo que viria a se popularizar como baião. Em 1941, gravou seu primeiro disco pela Radio Corporation of America (RCA). Entre 1945 e os primeiros anos da década de 50, Gonzaga foi considerado um dos maiores artistas do Brasil.

O apogeu do Baião perpassou a segunda metade da década de 40 até a primeira metade da década de 50, época na qual Gonzaga consolida-se como um dos artistas mais populares em todo território nacional. O grande marco da carreira do artista deu-se logo após a música “Asa Branca”, composição feita em parceria com Humberto Teixeira, que ainda hoje é considerada o hino do imigrante nordestino.

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Vida pessoal

No Rio de Janeiro conheceu a carioca Odaléia Guedes, que estava grávida. Apaixonado, ele assumiu o relacionamento e o filho dela, tendo-o registrado, em 1945, com o nome de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, o Gonzaguinha. Três anos depois, Luiz Gonzaga casa-se com a professora pernambucana Helena Cavalcanti.

Foto em preto e branco de Luiz Gonzaga no palco ao lado de Gonzaguinha

Gonzaguinha foi fruto do relacionamento entre Luiz Gonzaga e Odaléia Guedes (Foto: Site Luiz Gonzaga)

Carreira

Seus maiores parceiros de carreira foram Humberto Teixeira e José de Souza Dantas, conhecido por Zé Dantas. De acordo com sua biografia resumida da Biblioteca da Fundação Joaquim Nabuco, ele “compôs uma grande quantidade de baiões, toadas, xotes, polcas, mazurcas, valsas, deixando registrada na discografia brasileira mais de 600 músicas”.

No início da década de 80, ele tocou para o Papa João Paulo II, em Fortaleza. Além disso, durante sua carreira, cantou para homens importantes, como presidentes, governadores, reis e até no exterior, como nas Olimpíadas de Paris, 1986.

Morte

Depois de 35 anos de carreira consolidada, Luiz Gonzaga voltou para a sua terra natal e por lá ficou até os seus últimos dias. Ele faleceu no dia 2 de agosto de 1989 em um hospital do Recife, depois de mais de 40 dias de internação. Seu corpo foi enterrado na capela do Parque Asa Branca, em Exu. Espaço que abriga um museu em sua homenagem, cuja construção foi iniciada pelo próprio artista.

Herança cultural de Luiz Gonzaga

De acordo com o escritório regional do Ministério da Cultura, “além da sanfona, a zabumba, o triângulo e as vestes de cangaceiro também foram características do trabalho de Luiz Gonzaga, que por onde se apresentava, levava a alegria de suas músicas, que tanto ajudaram a difundir, pelo restante do país, os sons musicais do Nordeste e a realidade de toda a Região”.

Baião

O Baião é uma música nordestina do sertão. Ela mistura o cantochão, que é um canto litúrgico da Igreja Católica, acompanhado de violas, sanfonas de oito baixos, zabumba e pífano. A versão moderna do Baião consiste na presença de três músicos que tocam sanfona, o triângulo e a zabumba. Alguns grupos inserem também a rabeca, o pandeiro e agogô.

Luiz Gonzaga se apropriou do ritmo nordestino e o apresentou ao restante do país. Por isso, ele é conhecido como o “Rei do Baião”. Com ele, Luiz lançou diversos sucessos como “Juazeiro”, “Vem morena”, “Dezessete légua e meia”, “Forró de Mané Vito”, “No Ceará não tem disso não”, “Xanduzinha”, “Qui nem jiló”, “Paraíba”, “Respeita Januário”, “A dança da moda”, “Sabiá”, “Olha pro céu” etc.

Seus maiores sucessos foram e são regravados por artistas famosos, como Emilinha Borba, Carmem Miranda, Gilberto Gil e Caetano Veloso.

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5 músicas mais tocadas de Luiz Gonzaga

Segundo o site da Rádio EBC, as músicas de Luiz Gonzaga mais populares, principalmente no período junino são:

Asa Branca (Humberto Teixeira/Luiz Gonzaga)

Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação (x2)

Quando oiei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei a Deus do céu, ai
Por que tamanha judiação (x2)

Que braseiro, que fornaia
Nem um pé de prantação
Por falta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão (x2)

Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Entonce eu disse, adeus Rosinha
Guarda contigo meu coração (x2)

Hoje longe, muitas légua
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Pra mim vortar ai pro meu sertão (x2)

Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração (x2)

Olha Pro Céu (Gonzagão/José Fernandes de Carvalho)

Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha praquele balão multicor
Como no céu vai sumindo (x2)

Foi numa noite igual a esta
Que tu me deste o coração
O céu estava assim em festa
Pois era noite de São João

Havia balões no ar
Xote, baião no salão
E no terreiro o teu olhar
Que incendiou meu coração

Olha pro céu, meu amor
Vê como ele está lindo
Olha praquele balão multicor
Como no céu vai sumindo (x2)

Pagode Russo (João Silva/Gonzagão)

Ontem eu sonhei que estava em Moscou
Dançando pagode russo na boate Kossacou (x2)

Parecia até um frevo naquele cai e não cai (x4)

Vem cá cossaco, cossaco dança agora
Na dança do cossaco, não fica cossaco fora (x2)

São João Na Roça (Zé Dantas/Gonzagão)

A fogueira ta queimando
Em homenagem a São João
O forró já começou
Vamos gente, rapa-pé nesse salão

Dança Joaquim com Zabé
Luiz com Yaiá
Dança Janjão com Raque
E eu com Sinhá
Traz a cachaça Mane!
Que eu quero ver
Quero ver paia avuar

O Xote Das Meninas

Mandacaru quando fulôra na seca
É o sinal que a chuva chega no sertão
Toda menina que enjoa da boneca
É sinal que o amor já chegou no coração
Meia comprida, não quer mais sapato baixo
Vestido bem cintado não quer mais vestir timão

Ela só quer só pensa em namorar (x4)

De manhã cedo, já tá pintada
Só vive suspirando, sonhando acordada
O pai leva ao doutô
A filha adoentada
Não come, não estuda, não dorme, não quer nada

Mas o doutô nem examina
Chamando o pai de lado
Lhe diz logo em surdina:
O mal é da idade
E que pra tal menina
Não há um só remédio em toda a medicina

Referência

http://gonzagao.com/historia-de-luiz-gonzaga/

http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php?option=com_content&view=article&id=302&Itemid=1

http://www.palmares.gov.br/?p=2219

http://culturadigital.br/mincnordeste/tag/luiz-gonzaga/

http://www.ebc.com.br/cultura/2012/11/saiba-quais-as-musicas-mais-tocadas-de-luiz-gonzaga

Sobre o autor

Jornalista formada pela Universidade Federal da Paraíba com especialização em Comunicação Empresarial. Passagens pelas redações da BandNews e BandSports, TV Jornal e assessoria de imprensa de órgãos públicos.