Biografia de Bolsonaro

Defensor árduo do que ele chama de moral e pátria, Bolsonaro é um político que acumula amor e ódio de milhares de brasileiros. Confira mais detalhes da biografia de Jair Bolsonaro.

Jair Messias Bolsonaro, ou simplesmente Bolsonaro, nasceu em Campinas, São Paulo, no dia 21 de março de 1955. Filho de Perci Geraldo Bolsonaro e de Olinda Bonturi Bolsonaro. Cursou a Escola Preparatória de Cadetes do Exército e em seguida a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), formando-se em 1977.

O político é um militar de reserva, desde que serviu ao Exército brasileiro de 1971 a 1988, onde chegou a tornar-se capitão entre os anos de 1979 a 1981. Sua carreira militar teve sequência com o ingresso na Brigada de Infantaria Paraquedista, no Rio de Janeiro, onde se especializou em paraquedismo.

Biografia de Bolsonaro: vida militar

Em 1986, servindo como capitão no 8º Grupo de Artilharia de Campanha, ganhou projeção nacional ao escrever artigo intitulado “O salário está baixo”. O texto foi publicado na seção Ponto de Vista da revista Veja.

Jair Bolsonaro

Jair Messias Bolsonaro se candidatou a presidência da República em 2018 (Foto: Reprodução/ Agência Brasil)

No texto, Bolsonaro apontou o desligamento de dezenas de cadetes da AMAN aos baixos salários pagos à categoria. O artigo gerou tanta polêmica que acabou resultando na prisão dele, por infringir o regulamento disciplinar do Exército.

Pouco tempo depois, a revista Veja trouxe uma reportagem com apresentação de um plano do então capitão Bolsonaro para explodir bombas em várias unidades da Vila Militar e em vários quartéis.

O plano atribuído a Bolsonaro e ao capitão Fábio Passos da Silva provocou reações imediatas do ministro do Exército. Convocados a se explicar, os acusados se eximiram de qualquer culpa. Em junho de 1988, levados a julgamento, o tribunal decidiu pelo não afastamento dos dois capitães dos quadros do Exército, considerando-os “vítimas de um processo viciado”.

Vida pessoal

Bolsonaro casou-se com Rogéria Nantes Nunes Braga Bolsonaro, vereadora no Rio de Janeiro, entre 1993 e 2001. Da união, nasceram três filhos. Três deles seguiram carreira política: Eduardo Bolsonaro é deputado Federal por São Paulo, Flávio Bolsonaro assumiu o mandato de deputado estadual, do Rio de Janeiro, em 2003, e Carlos Bolsonaro, o de vereador no município do Rio de Janeiro, em 2001.

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Separou-se afirmando que Rogéria havia deixado de seguir suas orientações nas votações e retirou o apoio à ex-esposa.

Ingresso na política

Toda essa exposição na mídia contribuiu para que Bolsonaro fosse eleito para a Câmara Municipal do Rio de Janeiro em novembro de 1988, na legenda do Partido Democrata Cristão (PDC).

Porém, o mandato não chegou a ser cumprido até o fim, pois, no ano de 1990, Bolsonaro foi concorrer a uma vaga na Câmara Federal. Eleito no processo, Bolsonaro assumiu o cargo em janeiro de 1991.

Em abril de 1993, Bolsonaro foi um dos fundadores do Partido Progressista Reformador (PPR), nascido da fusão do PDC com o Partido Democrático Social (PDS). Ele não ficou longe dos holofotes por muito tempo. No mesmo ano, ele voltou a chamar a atenção da mídia quando defendeu o retorno do regime de exceção e o fechamento temporário do Congresso Nacional.

Declarações polêmicas

Sua justificativa dada em pronunciamento, acabou gerando inúmeros protestos, levando o corregedor do Congresso Nacional, deputado Vital Rego, a solicitar ao procurador-geral da República, Aristides Junqueira, o início de uma ação penal contra Bolsonaro por crime contra a segurança nacional. Contudo, o círculo militar se manifestou, condenando qualquer tentativa de punição a Bolsonaro.

Mesmo com toda essas polêmicas, Bolsonaro foi reeleito nas eleições de 1994, com quase 135 mil votos — mais do dobro da eleição anterior.

Em agosto de 1995, com a criação do Partido Progressista Brasileiro (PPB), resultado da fusão do PPR com o PP, Bolsonaro transferiu-se para a nova agremiação. Bolsonaro votou contra a emenda que estabeleceu o direito de reeleição para prefeitos, governadores de estado e presidente da República e foi um dos parlamentares que denunciaram na imprensa a compra de votos para a aprovação da emenda da reeleição.

Nas eleições de outubro de 1998 candidatou-se mais uma vez e foi reeleito com 102.893 votos. Porém, as polêmicas envolvendo Bolsonaro não cessaram.

Em dezembro de 1999, o político defendeu o fuzilamento do presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele alegou que o fuzilamento era até “algo honroso para certas pessoas”. O líder do governo na Câmara, Artur Virgílio (PSDB), chegou a entrar com pedido de cassação de seu mandato, mas a proposta nunca chegou ao plenário da casa.

No início de 2000, Bolsonaro defendeu a pena de morte para qualquer crime premeditado e a tortura em casos de tráfico de drogas.

Mudanças de partido

Nas eleições de 2002, candidatou-se pela quarta vez a deputado federal pelo Rio de Janeiro. Reeleito com 88.945 votos, assumiu seu novo mandato em fevereiro de 2003. No mesmo ano, Bolsonaro deixou o PPB para filiar-se ao PTB. No início de 2005, deixou o PTB e se filiou ao Partido da Frente Liberal (PFL). Em abril, deixou o PFL e foi para o Partido Progressista (PP), nova denominação do PPB, sua antiga legenda.

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Durante a chamada crise do “mensalão”, Bolsonaro destacou-se pelos ataques ao PT e a políticos do partido envolvidos nos escândalos.

Nas eleições de 2006, foi reeleito para o quinto mandato consecutivo, com 99.700 votos. No mandato, o político se destacou na luta pela aprovação da PEC 300 e contra uma possível volta da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras).

Nas eleições de 2010, Jair Bolsonaro obteve cerca de 120 mil votos, sendo o décimo-primeiro deputado federal mais votado do estado do Rio de Janeiro.

Polêmicas

Pelo que já foi visto a respeito da atuação política de Bolsonaro, sua vida foi cercada de muitas polêmicas. Porém, nada se compara a sua opinião a respeito de alguns pontos que envolvem as bases da sociedade.

Ditadura militar

Bolsonaro é conhecido pelas alegações a respeito da ditadura militar brasileira. Segundo ele, o período teria sido uma época gloriosa da história do Brasil. Em uma carta publicada no jornal Folha de S.Paulo, Bolsonaro se refere ao período como “20 anos de ordem e progresso”. O político afirmou ainda, durante uma discussão com manifestantes em dezembro de 2008, que “o erro da ditadura foi torturar e não matar.”

Mulheres

Bolsonaro também foi acusado, em seus discursos, de fazer apologia ao crime de estupro e a desigualdade salarial entre homens e mulheres. Na justificativa ele alega que as mulheres engravidam e têm direito a licença-maternidade, o que prejudica a produtividade do empresário.

Homossexualismo

Porém, não é só entre as mulheres que o político apresenta opiniões polêmicas. O homossexualismo é outro tema atacado por Bolsonaro. Em uma entrevista para a revista Playboy, em junho de 2011, Bolsonaro afirmou que “seria incapaz de amar um filho homossexual” e que preferia que um filho seu “morresse num acidente do que aparecesse com um bigodudo por aí”.

O parlamentar também defende que surras em filhos homossexuais seriam capazes de alterar a orientação sexual deles, ao dizer: “Se o filho começa a ficar assim, meio gayzinho, [ele] leva um couro e muda o comportamento dele”.

Tortura

Em 17 de abril de 2016, Jair Bolsonaro parabenizou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) pela forma como conduziu processo de impeachment da presidente e usou seu discurso de voto sobre o impedimento de Dilma Rousseff para homenagear Carlos Alberto Brilhante Ustra, o primeiro militar a ser reconhecido pela Justiça como um dos torturadores durante a ditadura militar e que teria torturado a então presidenta.

Perfil de Jair Bolsonaro

Jair Bolsonaro é um político de extrema-direita. Em linhas gerais, isso significa que ele tem um discurso que se opõe ao modernismo e seus costumes. Por isso, o foco dos partidos de extrema direita é a tradição, seja ela real ou fruto da imaginação dos seus defensores.

A extrema-direita também é usada como sinônimo de algumas ideologias com pontos de vista extremistas, como o fascismo, nazismo, nacionalistas, reacionários, etnocentismo e outras posturas semelhantes.

Na biografia do seu site oficial, ele é lembrado “por suas posições em defesa da família, da soberania nacional, do direito à propriedade e dos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa. Suas bandeiras políticas são fortemente combatidas pelos partidos de ideologia esquerdista”.

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Na página da Câmara dos Deputados existe um resumo do histórico dos partidos pelos quais, o Jair Bolsonaro já passou:

  • PDC, o Partido Democrata Cristão: Deputado Federal de 1991 a 1995, pelo estado do Rio de Janeiro;
  • PPR, o Partido Progressista Reformador: Deputado Federal de 1995 a 1999, pelo estado do Rio de Janeiro;
  • PPB, o Partido Progressista Brasileiro: Deputado Federal de 1999 a 2003, pelo estado do Rio de Janeiro;
  • PPB, o Partido Progressista Brasileiro: Deputado Federal de 2003 a 2007, pelo estado do Rio de Janeiro;
  • PP, o Partido Progressista: Deputado Federal de 2007 a 2011, pelo estado do Rio de Janeiro;
  • PP, o Partido Progressista: Deputado Federal de 2011 a 2015, pelo estado do Rio de Janeiro;
  • PP, o Partido Progressista: Deputado Federal de 2015 a 2019, pelo estado do Rio de Janeiro;

Além disso, Bolsonaro já foi filiado a diferentes partidos em outros anos: PDC, 1989-1993; PP, 1993; PPR, 1993-1995; PPB, 1995-2003; PTB, 2003-2005; PFL, 2005; PP, 2005-2016; PSC, 2016-2018; PSL, 2018.

Atuação em projetos específicos

De acordo com a página oficial da Câmara de Deputados, Jair Bolsonaro participou das seguintes atividades parlamentares, como deputado federal durante o seu sétimo mandato:

  • Participação na Comissão de Direitos Humanos e Minorias;
  • Participação na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional – CREDN;
  • Participação na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado – CSPCCO;
  • Participação na Comissão de Educação – CE;
  • Participação na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado – CSPCCO;
  • Participação na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional – CREDN;
  • Participação na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado – CSPCCO;
  • Participação na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional – CREDN; Comissão Especial: Chapa 2 -Denúncia Contra a Presidente da República
  • Desarmamento;
  • Lei Orgânica de Segurança Pública;
  • Maioridade Penal;
  • Registro Civil Nacional (Rcn);
  • Participação na Comissão Externa: Crise Fiscal no Estado do Rio de Janeiro;
  • Participação na Comissão Parlamentar de Inquérito: Cpi – Funai e Incra;

Sobre a participação do político nessas comissões, a página oficial diz que durante os seus mandados como deputado federal, Bolsonaro “destacou-se na luta contra a erotização infantil nas escolas e por um maior rigor disciplinar nesses estabelecimentos, pela redução da maioridade penal, pelo armamento do cidadão de bem e direito à legítima defesa, pela segurança jurídica na atuação policial e pelos valores cristãos. Foi idealizador do voto impresso, que certamente contribuirá para a realização de eleições mais confiáveis e passíveis de auditagem”.

No seu mandado anterior, ele participou também de projetos, como:

  • Participação na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional – CREDN;
  • Participação na Comissão de Direitos Humanos e Minorias – CDHM;
  • Participação na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado – CSPCCO;
  • Participação na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional – CREDN;
  • Participação na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado – CSPCCO;
  • Participação na Comissão de Direitos Humanos e Minorias – CDHM;
  • Participação na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional – CREDN;
  • Participação na Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado – CSPCCO;
  • Participação na Comissão Especial: Segurança Pública;
  • Carreira do Policiamento de Trânsito;
  • Adicional Noturno Segurança Pública;
  • Medidas Sócio-Educativas a Infratores;
  • Profissionais de Saúde Forças Armadas;
  • Estatuto da Família;
  • Plano Nacional de Educação;
  • Disciplina Normas sobre Armas de Fogo;
  • Cargos em Comissão (Direitos);
  • Consumo de Bebidas Alcoólicas;
  • Comissão Externa: Morte do Repórter Cinematográfico;

Jair Bolsonaro: candidatura à presidência

Nas eleições presidenciais de 2018, Jair Bolsonaro candidatou-se ao cargo de Chefe do Executivo. Entre os seus planos de governo divulgados no site oficial do candidato estão as promessas de incentivar o liberalismo econômico, além de reduzir os gastos públicos, inicialmente com o corte de vários ministérios e combate a corrupção.

Entre as ações de combate a violência, estão algumas das propostas mais polêmicas, como a posse de arma e a redução da maioridade penal, entre outros.

Sobre isso, o programa do candidato é enfático em “acabar com a progressão de penas e as saídas temporárias, reduzir a maioridade penal para 16 anos”. Some-se a isso, a reformulação do Estatuto do Desarmamento para garantir o direito à posse de arma nos domicílios e o reforço à segurança das fronteiras do Brasil.

Seu programa de governo também dedica espaço especial para a promessa de “tipificar como terrorismo as invasões de propriedades rurais e urbanas no território brasileiro e redirecionar a política de direitos humanos, priorizando a defesa das vítimas da violência”.

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Na economia, Bolsonaro defende a reforma tributária, a reforma da previdência, a independência do Banco do Brasil, a privatização de muitas estatais e a modernização da legislação trabalhista.

Na educação, o programa de Bolsonaro faz duras críticas ao atual modelo educacional do Brasil, tanto na base como na formação universitária, pesquisa, ciência e tecnologia. Ele afirma que são necessárias medidas para alavancar os índices no país, no entanto, não propõe ações pontuais para resolver os problemas de educação no Brasil, ficando somente no campo na crítica.

No campo da infraestrutura, Bolsonaro defende a abertura dos portos, o investimento no Nordeste como produtor energético. Na saúde, uma das suas propostas é implantar um prontuário eletrônico nacional interligado e um credenciamento universal dos médicos.